O dia 11 de setembro nunca mais foi o mesmo desde a tragédia em Nova Iorque em 2001. Em boa parte do mundo, todos os anos, essa data é lembrada com muita tristeza e pesar. Em Nova Iorque, essa dor ainda hoje é sentida com muita intensidade. E, provavelmente, será assim por um longo tempo.
Estive por lá em um desses 11 de setembro pós atentado. Então, hoje, quero dividir com você, viajante, o que vi e como senti a cidade nessa data.
Mesmo aqueles mais insensíveis ou até mesmo distraídos, são capazes de perceber que há algo diferente na atmosfera por lá. Há uma tristeza escondida que se revela sutilmente nos olhos de muitos que circulam apressadamente com seus cafés pelas ruas de Nova Iorque. Isso porque, o dia 11 de setembro é um misto de saudade, pesar, solidariedade e patriotismo.
E é impossível a mente não reviver as imagens que o mundo todo presenciou naquele dia. Porque, cada um sabe exatamente onde estava as 8h46, hora local. Momento em que o voo 11 da American Airlines se chocou com a Torre Norte.
E, é exatamente nesse horário, que todo ano, iniciam-se as homenagens pela cidade.
Logo cedo, peguei a linha 3 do metro e me dirigi a região do World Trade Center. Eu sabia que, assim como acontece todos os anos, haveria homenagem aos familiares das vítimas no Memorial. E, sabia também que tanto essa área quanto o Museu estariam fechados, com acesso restrito a eles. Mas, sentia que precisava prestar minha homenagem e expressar de alguma forma meus sentimentos.
Quando saí da estação, por volta das 8h15, já haviam muitas pessoas ao redor da área isolada. Elas se distribuíam também pelas ruas próximas, calçadas e canteiros das vias.
Então, pontualmente as 8h46, após o presidente americano anunciar pela televisão um minuto de silêncio, começaram a leitura dos nomes das vítimas. E este é um momento de muita emoção. Ouso dizer que ninguém fica indiferente. Porque é quando os números frios da tragédia ganham rostos e histórias de vida.
Fiquei ali um certo tempo. De olhos fechados, em silêncio e oração. E, ao abri-los, percebi que não era a única. Porque, apesar do grande número de pessoas no local, havia um silêncio espontâneo e respeitoso. E, a ele se misturavam olhares de perplexidade que buscavam entender, naquele cenário reconstruído, o porquê de tamanha agressão no passado.
Então, decidi caminhar pelos arredores do Ground Zero. E, percebi que haviam homenagens acontecendo em diversos pontos. Como por exemplo, em frente ao painel do FDNY – Fire Department of New York- Ten House, (10° Batalhão de Bombeiros de Nova York). O painel é dedicado aos bombeiros, especialmente os daquele batalhão que perderam suas vidas ao tentar prestar socorro. Por causa da proximidade com o local da tragédia, eles foram os primeiros a chegar após a colisão.
Mas, foi na praça Zuccoti Park, geograficamente um pouco acima, que vivi um das experiências mais consoladoras daquele dia. Um grupo de cantores gospel envolvia de esperança e fé os corações de todos que passavam. Poderia ficar o dia todo sentada por ali.
Na parte da tarde, às 15h, o espaço restrito foi liberado a todos. Entretanto, o Museu permaneceu fechado ao público durante todo o dia.
Ali, entre os nomes das 2.983 vítimas gravados na placa de bronze do parapeito das fontes, familiares e anônimos deixavam um jardim de flores e bandeirinhas americanas.
Enfim, era um cenário poeticamente triste.
Quando o sol se pôs e a noite trouxe com ela a escuridão, eu presenciei a mais linda homenagem rasgar o infinito do céu e iluminar a cidade de esperança. O “Tribute in Light” ou homenagem em luz é um obra de arte de tamanha beleza que ela te convida a transcender o espaço junto com ela.
Na prática são 88 holofotes que criam duas colunas verticais de luz que representam as Torres Gêmeas, e que são visíveis a até 100 Km de distância em uma noite clara.
Como minha intenção era a de contemplar essa beleza de fora da ilha de Manhattan, decidi pegar o ferry para Staten Island. Próximo das 20h iniciei o percurso gratuito de aproximadamente 20 min de ida e 20 min de volta, pelas águas do rio Hudson. Do interior do ferry pude admirar as duas torres luminosas como dois destacados elementos na skyline da megalópole.
Ao retornar a Manhattan, já perto das 21h, minha inquietação era saber de onde aquelas luzes eram projetadas. Por isso, retornei à área do Memorial. Então, no caminho, descobri que os holofotes são instalados no topo da Battery Parking Garage, um prédio de estacionamentos próximos ao World Trade Center.
Enquanto isso, junto as fontes do Memorial, as pessoas prestavam suas últimas homenagens naquele 11 de setembro. E, lentamente, a “cidade que nunca dorme” começou a voltar ao seu ritmo habitual.
Detalhe da árvore sobrevivente ao atentado (um pé de pera), símbolo da resiliencia nova iorquina, como ponto de concentração de homenagens.
As luzes do “Tribute in Light” permanecem acessas até a meia noite.
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